Publicado em: 05/11/2019 13:55:39
Gasodá Suruí coordena o Grupo Wagoh Pakob no Projeto Nacional Sonora Brasil
DOUTORANDO DO PPGG/UNIR COORDENA GRUPO WAGÔH PAKOB DO POVO PAITER NO PROJETO NACIONAL DE MÚSICAS INDÍGENAS “SONORA BRASIL”
O doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia – PPGG/UNIR e pesquisador do Grupo de Pesquisa Geografia, Natureza e Territorialidades Humanas (GENTEH), Gasodá Suruí, coordena o grupo Wagôh Pakob do povo Paiter dentro do Projeto Sonora Brasil idealizado pelo Serviço Social do Comércio – SESC nacional, uma atividade nacional de grande relevância e visibilidade para os povos indígenas brasileiros.
Com graduação em Turismo e Mestrado em Geografia (UNIR), Gasodá e idealizador e criou o Centro Cultural Indigena Paiter Wagôh Pakob, na Aldeia Paiter Linha 09, distante aproximadamente 60km da sede municipal de Cacoal – Rondônia. Ele explica sobre o projeto: “O Wagôh Pakob, que em idioma Tupi Mondé significa “a força da floresta” e o Centro Cultural nasceu a partir da nossa preocupação com futuro o nosso povo relacionado a nossa cultura e o nosso território. E por isso hoje trabalho nesse espaço o fortalecimento das praticas da nossa cultura e a importância do nosso território para o nosso povo, principalmente para as nossas futuras gerações. Também formamos um grupo que possui o mesmo nome do Centro Cultural Indígena Paiter, localizado naTerra Indígena Sete de Setembro para fazer apresentações culturais com objetivo de mostrar e também como forma de divulgar a nossa identidade”.
Acrescenta ainda que “em 2019 este Grupo foi convidado para participar do projeto Sonora Brasil do Sesc. O Sonora Brasil que é considerado o maior projeto de circulação musical do país. Já foram realizados aproximadamente 450 concertos por ano, em mais de 100 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. O projeto possibilita à população o contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira e contribui para o conjunto de ações desenvolvidas pelo Sesc, com isso visa à formação de plateia. Para os músicos, propicia uma experiência ímpar, que os colocam em condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos e, consequentemente, estimula-lhes suas carreiras”.
Para Gasodá “o Sonora Brasil busca despertar um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, pois incentiva novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, de modo que promove apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes e contribuem para a memória da cultura musical brasileira. O projeto tem como objetivo difundir a diversidade da música brasileira a partir de recortes temáticos que abordam aspectos de seu desenvolvimento, com especial atenção à música de concerto e à música de tradição. Em sua 22ª edição, o Sonora Brasil apresenta os temas Líricas Femininas: a presença da mulher na música brasileira e A música dos povos originários do Brasil que serão desenvolvidos no biênio 2019/2020 com a participação de quatro circuitos em cada tema”.
O grupo Wagôh Pakob tem como seus integrantes: Gasodá Surui, pesquisador, líder e coordenador do Grupo no projeto, Maria Leonice Tupari (esposa do Gasodá), Luiz Mopilabaten Suruí, Leoneide Myde Rikbaktsa (esposa do Luiz), Chicoepab Suruí, Paweika Suruí e Rubens Iamay Suruí. Além dos Paiter Suruí de Rondônia participam do projeto Sonora Brasil outros grupos culturais com seus respectivos povos indígenas, tais como: Teko Guarani do povo Mbyá-Guarani – Porto Alegre (RS), Nós Gã do povo Kaingang de São Leopoldo (RS), Dzubucuá do povo Kariri-Xocó de Porto Real do Colégio (AL), Memória Fulni-ô do povo Fulni-ô – Águas Belas (PE), Byjyyty Osop Aky do povo Karitiana – Porto Velho (RO) e Wiyae - que significa canto na língua Tikuna, o qual foi criado especialmente para o projeto Sonora Brasil.
Este último grupo é formado por Djuena Tikuna (pertencente ao povo Tikuna do Amazonas), Magda Pucci (cantora, arranjadora, compositora, educadora musical, pesquisadora e diretora musical do Mawaca, grupo de São Paulo que recria músicas de diferentes tradições do mundo), Diego Janatã (maranhense que tem viajado por diversas coletividades indígenas e Gabriel Levy (arranjador, compositor, educador e produtor musical e acordeonista do Mawaca e já atuou em shows e álbuns ao lado de importantes artistas brasileiros dos mais diferentes estilos).
SOBRE O POVO PAITER
Também conhecido como Suruí de Rondônia ou ainda como Paiterey, vivem na Terra Indígena Sete de Setembro (autodenominada Paiterey Karah), em um território de 248 mil hectares, localizado entres os estados de Rondônia e Mato Grosso. Tiveram o primeiro contato com os não indígenas em 1969 por meio da expedição comandado pela Fundação Nacional do Índio - Funai.
É constituído por uma população de aproximadamente 1500 pessoas, pertencentes às linhagens clânicas Gãmeb (marimbondo preto), Gãpgir (marimbondo amarelo), Makor (taboca) e Kaban (fruta azeda mirindiba). Falam o idioma Tupi e pertencem à família linguística Mondé.
Seus habitantes estão distribuídos em 27 aldeias localizadas em linhas vicinais que chegam até o seu território. Os Paiter Suruí são conhecidos como um povo cantor que também gosta muito de contar histórias. Além das canções tradicionais relacionadas aos rituais, que relatam narrativas míticas e relembram momentos de sua história ou que retratam tarefas do cotidiano, eles têm canções atribuídas à criação individual e cantadas somente por seus criadores. Utilizam como instrumentos musicais o michãngab (chocalhos) e o wãab (flautas), instrumento de sopro.
Em relação ao Programa de Pós-Graduação em Geografia/UNIR, Gasodá que em 2018 defendeu a dissertação Paiterey Kãrah: A terra onde os Paiterey se organizam e realizam a gestão coletiva do seu território, afirma que abriu seus horizontes e estimulou sua compreensão sobre o conhecimento científico como pesquisador, inclusive permitiu seu crescimento, de modo que chegasse ao doutorado na mesma instituição”. Acrescenta ainda que “sob a orientação do professor Adnilson de Almeida Silva – líder do GENTEH, tanto no mestrado, quanto no doutorado tem aprimorado seus estudos e percepções de vinculação de conhecimentos entre seus etnoconhecimentos e o saber científico”.
FONTE: GENTEH – PPGG/UNIR
Fonte: GENTEH PPGG/UNIR